segunda-feira, 26 de abril de 2010

as palavras não precisavam se exagerar em 35 linhas.

É incrivel como ela olhava pra ele sem esperar nada. só olhar. e se fez de morta. sozinha, criou seu circulo onde as pessoas entravam e saiam, mas ela se fazia de nao atingida. caso houvesse algo deixava o bilhete nos armarios avisando, já previa. e queria mais que um beijo ou uns amassos em lua cheia. ela queria conversar. falar por cima, rir. queria falar em todas as línguas que sabia pelo menos um pigarro. um elogio do inglês, um palavrao do francês, uma malicia do italiano. ela se deliciava nas suas irônias. como se estivesse num encontro a dois aonde ela comandava a situação. as palavras dançavam, saltavam na sua língua, suavizando nos seu lábios numa mistura de magenta e vinho, não se definia bem aquela cor. mas estimulava muito ele a continuar a rir discretamente e continuar as besteiras que ela falava. Era isso que ela queria. ela não pensava no amor tradicional das pessoas. ela queria um ouvinte de seus protestos e um olhar apreensivo naquelas horas que te da vontade de explodir e falar bilhões trilhões e não sei mais quantos milhões de coisas que te incomodam, e você só consegue deixar suas bochechas vermelhas e chorar feito um bobão de marca maior. coitada. ela só havia o observado andar com os amigos e rir.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

meu melhor amigo.

Eu estava de frente pra ele. minha barriga parecia estar mais rígida que uma parede de concreto e não sei se existia uma porção de borboletas ou uma manada de rinocerontes na minha barriga. Eu sentia os pequenos pelos claros de meus braços se arrepiarem enquanto tocava suas mãos longas. a cor de minha íris parecia tremer, refletindo embaçado o seu rosto inseguro do que estava fazendo. estavamos exatamente um de frente pra o outro sentados na minha cama. Aquele momento parecia ser eterno, ou não. ele umideceu os lábios num ato de insegurança sobre o próximo passo que deveria tomar. Então retirou uma de suas mãos de perto das minhas e tocou meus lábios com a ponta de seus dedos magros e brancos. Eu fechei meus olhos e imaginei o que poderia acontecer, eu não fazia ideia do que estava fazendo. Eu beijei a ponta de seus dedos, como uma resposta. E o que parecia ser minha íris tremula fez-se uma pequena lágrima no canto do meu olho que tentou se segurar em meus cílios grandes mas acabou se libertando e umidecendo uma pequena parte de meu rosto. Eu lentamente levantei minhas mãos e toquei em seu peito magro e arrastei-as até os botões de sua camisa e desabotoei o primeiro botão com muito cuidado e esperei ele me impedir. Me segurar, me empurrar, talvez gritar comigo, de alguma forma grosseira acabar com tudo aquilo que estava acontecendo. Mas ele apenas me olhou com seus olhos negros e vazios, vazios não, cheios de mim. Então recebi como uma resposta positiva me fazendo vagarosamente ir desabotoar os botões que restavam, eu nunca havia sentido isso. Então abri sua camisa e me inclinei em sua direção para puxar as mangas e ele retirou as mãos de seus joelhos e uma se direcionou a barra de minha blusa e a outra foi até minha cabeça e caltelozamente encostando em seu rosto para sentir o meu cabelo, o qual ele sempre mecionou que adorava o cheiro. Dizia que lembrava o cheiro das flores na época de primavera. Eu tirei sua blusa e olhei nos seus olhos ainda no medo absurdo de ser contrariada. Sua mão arrastou-se de meus cabelo a meu rosto tapando meus olhos e encostando minha testa na sua. Ele disse quase susurrando - confie em mim- o seu hálito quente chegava aos meus lábios queimando. eu novamente me puz em sua frente só que agora de joelhos eu retirei minha blusa e ele olhou pra cima tentando encontrar meu rosto. eu estava com os olhos fechados, estava com medo. ele segurou em minha cintura e encostou seu rosto em minha barriga. Eu senti suas lágrimas molharem minha pele. eu me abaixei e me aproximei. Minha boca gelada estava ardendo em chamas quando encostou na sua. A sua pele quente aquecia meu corpo gelado naquela tarde de inverno chuvoso. Suas mãos me apertavam como se tivessem medo de que eu fugisse exatamente naquele momento e meu corpo não estava mais desprotegido e livre para o frio me machucar. Ele estava ali, não mais que o meu melhor amigo, e nenhum pouco menos que a pessoa que eu amava. Os corpos suados naquele inverno congelante, me lembrava a ironia de amar e sofrer. apenas por prazer, ou apenas por amar. Eu acabei dormindo em seu peito nu abraçada a sua cintura e seus braços magros me envolviam, um de seus dedos desenhava meu braço num formato de uma linha onde ele acariciava varias vezes e seu outro braço estava por cima de sua barriga e sua mão tocava a minha. Ele não dormiu, me observava. inspirando, expirando. obervava como a coberta mexia enquanto eu acariciava seu pé com o meu. e o observava o reflexo de meus cabelos na luz branca do céu nublado que atravessava minha janela e as persianas entre abertas e batia contra nossos corpos nus e contra os lençóis que nos cobriam. Não sei naquele momento estava no lugar certo. Mas acho que pela primeira vez, ele se sentiu com a pessoa certa naquele momento.